Estado de Flow. Controle sua atenção e fortaleça a sua determinação
Autotranscendência, autoconhecimento e felicidade
Você já se envolveu tanto fazendo alguma coisa que perdeu a noção do tempo? Já se concentrou tanto em uma atividade que sentiu-se completamente absorvido pelo processo de realiza-la? E a pergunta mais importante (caso já tenha se sentido assim): você se lembra da sensação prazerosa e de felicidade que essa jornada te proporcionou?
Estou falando aqui de um estado de concentração total e absoluta. De uma condição profunda de autotranscendência em que corpo e mente fluem em uma harmonia perfeita. Estou falando de flow.
Nesse estado de fluxo, a imersão na atividade é tão alta que você tem a sensação de integração com o ambiente. Um compositor torna-se letra e melodia. Um piloto, a pista. Uma autora, a própria narrativa.
Esse é um estágio em que o ser humano se desintegra do selfie (si mesmo) para vivenciar uma jornada muito prazerosa. É algo difícil de ser descrito, pois trata-se de uma experiência altamente sensorial e individual.
Mas o que, afinal, flow e felicidade tem a ver?
Acontece que é justamente no flow que o ser humano mais se aproxima da felicidade.
Há mais de dois milênios, Aristóteles concluiu que todos nós, seres humanos, desejamos a felicidade. Bem mais recentemente, já no início dos anos 1990, o psicólogo e pesquisador Mihaly Csikszentmihalyi analisou que encontrar e descobrir a felicidade não depende de eventos externos, mas de como interpretamos a vida.
Ou seja, é mais importante a percepção de felicidade que temos dentro de nossos corações do que o que acontece de fato no mundo.
E por isso a felicidade não pode ser perseguida. Esse sentimento é efeito colateral, não intencional e vem da dedicação de alguém ou de sua mera existência.
Sim, isso quer dizer que a felicidade está ao alcance de qualquer pessoa. A questão é que procuramos e somos ensinados a procurar a “chave” para ser feliz em conquistas, geralmente materiais, e no futuro. Ficamos reféns de associações como: “quando eu tiver dinheiro, serei feliz”.
Entenda, ter um bom emprego, uma boa casa, alcançar um objetivo e, porque não, ter dinheiro, são, sim, fontes de alegria. No entanto, aqui estamos falando de momentos satisfatórios, não de felicidade real e duradoura.
Como nossa própria natureza tenta priorizar o imediatismo e valorizar prazeres efêmeros, quebrar esse padrão é algo difícil.
Mas na verdade, nossa energia deveria estar focada em nós mesmos e nas oportunidades de autodesenvolvimento.
No livro Flow, publicado em 1990, Mihaly Csikszentmihalyi explora como podemos experimentar um prazer orgástico em nossas vidas se controlarmos nossa atenção e fortalecermos nossa determinação.
E quando isso ocorre? Isso mesmo, quando estamos imersos em uma atividade ou assunto que não nos deixa ansiosos (por ser muito difícil) nem entediados (por ser muito fácil). É nesse estado de fluxo, quando perdemos nossa autoconsciência, egoísmo e senso do tempo, que vivenciamos uma experiência realmente feliz.
O livro também oferece técnicas para conseguirmos focar em recompensas individuais que podem ajudar a desenvolver nossos interesses tão intensamente a ponto de entrarmos em um estado de fluxo puro.
Existem centenas de vídeos, textos e outros formatos de conteúdo ensinando passo a passo algumas das técnicas. Mas aqui vou me ater a compartilhar alguns ensinamentos e percepções que, acredito, podem contribuir nessa busca do flow.
Vou começar por 3 dicas que podem ser aplicadas no dia a dia, nas nossas tarefas cotidianas.
- Procure oportunidades e maneiras de obter autocrescimento, não prazeres espontâneos e passageiros.
- Concentre-se na sua tarefa e busque o controle sobre essa atividade.
- Com disciplina, podemos usar nossos sentidos e movimentos para nos ajudar a sintonizar um estado de conscientização e autotranscedência.
Apesar de muitos colocarem o livro Flow como autoajuda, eu acredito muito na mensagem essencial de toda pesquisa do autor de que é possível alcançar o gozo da vida se concentrando apenas e profundamente no momento presente, vivendo a realidade e imergindo em seus interesses.
Quando o estado de flow acontece, a consciência diminui e você percebe uma sensação contínua de prazer no processo (ao fazer a atividade, não apenas no seu resultado). Por conta disso, há resultados excelentes sem muito esforço. É importante que fique claro que no flow, há:
- Sentimento de clareza: apesar da transcendência e integração fora do eu (selfie), eu tenho muita clareza de toda a jornada.
- Consciência de que tarefa pode ser feita: no estado de fluxo você não tem nenhuma dúvida sobre a plena realização da atividade.
- Sentimento de serenidade: tranquilidade e plenitude permeiam a execução, sem gerar ansiedade ou tédio.
- Perda de noção de tempo: você está tão envolvida na atividade que o tempo literalmente passa e você não vê.
- Motivação intrínseca pela própria jornada: o desejo e a felicidade estão no fazer, não na conclusão.
E aí, você já experimentou algo assim?
Desafios e habilidades igualmente altos
Um ponto importante para quem quer atingir um estado de fluxo é que as habilidades para realizar a atividade devem se equiparar aos desafios da demanda.
Pouca habilidade perante situações exigentes gera ansiedade. Por outro lado, uma atividade pouco desafiadora na qual se investe alta energia pode causar obsessão ou tédio.
Por isso o autoconhecimento é tão importante. Com ele, conseguimos controlar nossas atividades e qual nosso papel e real desafio diante delas.
O estado normal da nossa mente, assim como o do universo, é o caos. A diferença é que podemos controlar o nosso caos para alcançar harmonia e sensação de ordem.
Mapa da felicidade
Para descobrir o que te faz feliz, você precisa procurar dentro de si e olhar para o mundo (visões de outras pessoas) de forma complementar. Como as vivências dessa pessoa podem ajudar na minha jornada? O seu prisma interno nunca deve ser de autojulgamento, mas sim de crescimento e evolução.
Para alcançar alto desempenho e felicidade, é preciso crescer internamente, não se deixando levar por recompensas externas ou opiniões alheias.
O mapa da felicidade existe, mas encontra-lo exige mergulhar em nossas próprias mentes, navegar pelos mares dar nossas emoções e compreender o que nos motiva realmente.
O flow pode ajudar, e muito, nessa jornada de introspecção e descoberta.
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