A economia criativa como propulsor da economia mundial
Como disruptar em momentos de incerteza
Criatividade é uma estratégia fundamental para um negócio ser bem-sucedido, especialmente em tempos de crise. Nesse contexto, a indústria criativa tem papel decisivo para que a inovação entre em cena com processos e recursos que permitem o pensamento incremental.
Economia criativa é intangível, simbólica, e se alimenta de talentos para produzir bens e serviços. A ideia central dessa cadeia é incluir processos, ideias e empreendimentos que usam a criatividade como destaque para a criação de um produto, bem ou serviço.
E em tempos de turbulência econômica e política, a economia criativa se mostra como importante propulsora de uma retomada geral com a geração de emprego e renda.
Um app para celular, uma peça de roupa, uma obra de arte, uma música. Esses são alguns exemplos de soluções que se enquadram em economia criativa.
Abrangente, a economia criativa é um dos componentes mais relevantes das economias pós-industriais baseadas no conhecimento. Já a partir da década de 1990, alguns governos mundiais tomaram consciência de que essa indústria é extremamente relevante para o crescimento e evolução social, sob o estímulo de instituições como o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e UNCTADs (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
Os bens e serviços criativos utilizam o conhecimento e a capacidade intelectual como base de ação. Ou seja, as empresas (e entidades, nações, tribos) criativas agregam esses insumos para se adequar a situações de incerteza, desenvolvendo ideias que, muitas vezes, conduzem para uma série de novas ideias e possibilidades.
Crescimento da indústria criativa
A economia criativa é grande e está crescendo. Relatório da Deloitte sobre seis grandes economias da Europa e três da Ásia-Pacífico descobriu que a economia criativa empregava quase 20 milhões de pessoas em 2018 – cerca de 7% do emprego total.
No Brasil, em 2017, a Indústria Criativa representou 2,61% (R$ 171,5 bilhões) do PIB. Naquele ano, já eram 245 mil empresas que tinham as ideias como insumo central do seu ciclo produtivo e mais de 730 mil empregos gerados na cadeia criativa.
Além disso, por se reinventar sob crises, a economia criativa tende a cresce mais rapidamente do que a economia em geral.
Isso porque o consumidor busca satisfazer sua demanda por bens e serviços que, muitas vezes, são produtos da economia criativa. Algumas perspectivas indicam que a economia criativa pode crescer 40% até 2030.
Isso significa que há muito espaço para empresas, pessoas e países aproveitarem as vantagens do crescimento subjacente da demanda global por produtos dessa indústria.
Você está já está preparado para isso?
Mudança é da natureza da economia, assim como a incorporação de novos setores. Rádio, TV, videogames, podcasts e uma infinidade de formatos foram surgindo.
O ecossistema/círculo virtuoso da indústria, em resumo, pode ser definido como uma cadeia de suprimentos criativos onde tudo (produtos, plataformas, políticas de incentivo) e todos (produtores, empreendedores, autoridades) estão interligados.
Transformar ideias em produtos
A criatividade pode ser definida como o processo pelo qual as ideias são geradas, conectadas e transformadas em coisas, produtos tangíveis ou intangíveis que têm valor.
Algo comum na indústria criativa é seu alto impacto multiplicador, principalmente em regiões periféricas, por seu incentivo ao empreendedorismo nessas comunidades.
As atividades criativas dependem da contribuição de diversos setores econômicos e de iniciativas públicas para promover a cadeia criativa e seus efeitos multiplicadores de desenvolvimento. O estímulo governamental à criatividade não é mais uma opção, mas sim uma estratégia necessária.
Na prática
Para entender melhor sobre o conceito de forma prática, vou colocar aqui dois exemplos muito corriqueiros quando pesquisamos sobre economia criativa no Brasil: Biliive e Catarse.
A ideia da Bliive é conectar pessoas dispostas a trocar tempo por serviços diversos. Ao se cadastrar, o usuário ganha cinco moedas (5 horas do tempo da pessoa) e pode contratar o trabalho de quem estiver na plataforma. Ao invés de usar o dinheiro tradicional, a proposta é permutar. Dá para disponibilizar qualquer atividade: de revisão de textos a aulas de dança ou mentorias de negócios.
Já a Catarse começou em 2011 com o objetivo de impulsionar projetos por meio do financiamento coletivo. Assim nasceu o primeiro sistema de crowdfunding do Brasil. Hoje, o maior do mercado. O lucro vem da comissão sobre o valor arrecadado em cada projeto inscrito, mas os doadores também ganham brindes e incentivos dos responsáveis pelos projetos.
Outra iniciativa que acho bacana citar como exemplo de estímulo à economia criativa é o projeto Favela 3D: Digna, Digital e Desenvolvida. A ONG Gerando Falcões se uniu à Prefeitura de São José do Rio Preto/SP, ao Governo do Estado de São Paulo e a entidades do terceiro setor, como o Instituto As Valquírias, da minha parceira Amanda Oliveira, para entregar uma solução que interrompe o ciclo de pobreza social.
Os moradores da Favela da Vila Itália, até então sem expectativa de qualidade de vida terão suas realidades transformadas pelo projeto pioneiro que vai tornar o lugar uma comunidade com espaços urbanos, mobiliário comunitário, água potável, saneamento, energia elétrica, wi-fi e cooperativa de negócios para gerar renda.
São várias etapas a serem percorridas, mas a proposta tem o envolvimento de toda sociedade, já que, além das esfera públicas, há o envolvimento da iniciativa privada e da comunidade nas doações para financiar o projeto. Por isso, considero tanto a execução do projeto quanto seu propósito de geração de uma realidade mais digna e digital, uma ótima representação do poder catalizador da economia criativa.
Empreendimentos criativos
Estimular empreendimentos criativos que desenvolvam habilidades e competências criativas é urgente. Precisamos de infraestrutura para criação, produção, distribuição, consumo e exportação de bens e produtos criativos.
Muitas regiões do mundo estão reconhecendo a oportunidade de promover um crescimento mais intenso da cadeia criativa para apoiar o desenvolvimento geral da economia.
Vamos aproveitar nosso potencial criativo para tirar ideias do papel e gerar essa transformação essencial também em nossos próprios negócios e comunidades?
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